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O amor - uma bela partitura

  • Petrux
  • 4 de ago.
  • 3 min de leitura

O amor, ou love, é uma palavra vasta que a humanidade tem procurado definir desde sempre. O que é o amor? Existe realmente? Há uma parte de ilusão no amor? Como encontrar o Pure Love (o amor autêntico)?


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O piano, metáfora do amor:


Cada tecla do nosso piano interior representa uma emoção: os graves expressam as nossas dores, os nossos medos, as nossas dúvidas; os agudos, os nossos risos, as nossas esperanças, as nossas alegrias. Ao nascermos, possuímos apenas algumas notas no nosso piano. Ao longo dos anos, das experiências, das interações com a vida, os outros e a natureza, desenvolvemos novas notas que enriquecem o nosso piano.


O Amor é uma história de afinação das nossas emoções 


O amor, como uma melodia, começa com um processo íntimo de autoafinação. A chave da harmonia reside no ajuste e na aceitação de cada emoção que já carregamos. A harmonia é acessível a todos, em cada etapa da vida, pois depende unicamente da nossa capacidade de integrar cada nota com sinceridade. Nenhuma nota precisa de ser rejeitada ou mascarada. O caminho para a harmonia e para o amor-próprio reside em tocar todas as notas do nosso piano. Algumas notas estarão desafinadas, soarão demasiado alto ou demasiado baixo. Talvez descubra que lhe falta uma nota importante nas suas melodias? Explore sem reservas as suas notas e aceite-as tal como são, aqui e agora. A aceitação é o primeiro passo para afinar as suas notas.


O encontro com o outro: ressonâncias e ajustes 


Quando encontramos alguém, é como se dois pianos começassem a tocar juntos. As nossas notas respondem-se: algumas ressoam naturalmente em uníssono, criando afinidades e pontos de conexão. Estas notas partilhadas são os nossos valores comuns, as nossas sensibilidades, as nossas experiências.


Mas outras notas destoam, pois cada indivíduo tem a sua própria melodia. Estas dissonâncias não são obstáculos; convidam-nos a ajustar algumas das nossas notas para criar uma nova harmonia. E por vezes, ao ouvir o outro, descobrimos notas que nunca tínhamos explorado, que integramos no nosso próprio teclado, enriquecendo assim a nossa melodia pessoal.


A independência emocional: tocar a sua própria música


O amor verdadeiro (ou Pure Love) é um equilíbrio entre partilha e independência. Cada um deve permanecer mestre da sua própria melodia, sem depender das notas do outro para preencher as suas lacunas. A dependência afetiva surge quando procuramos preencher a nossa harmonia pessoal usando as notas do outro, sem as integrar no nosso próprio piano.


Amar é tocar a nossa música, apreciando a do outro sem nos perdermos nela, permanecendo completos e autónomos na nossa melodia. O Pure Love é ouvir e ser feliz por ouvir a bela melodia do outro, enquanto se é livre para tocar a sua própria música. É também oferecer ajuda sem julgamento para ajustar as notas do outro, a fim de o ajudar a criar uma música ainda mais bela e harmoniosa.


Os conflitos: a necessidade de um ajuste constante 


Em qualquer relação, os conflitos surgem quando um ou outro se recusa a afinar as suas notas para reencontrar uma harmonia comum. As nossas emoções, influenciadas pelo nosso ambiente, pelas nossas experiências e pelo nosso passado, desafinam por vezes, o que é normal.


O amor exige uma afinação regular: ouvir, reajustar e aceitar as diferenças do outro para construir uma harmonia partilhada. O caminho para resolver estes conflitos é trabalhar na nossa própria afinação e não querer afinar o piano do outro. Não temos nem legitimidade nem poder para afinar o piano do outro. A única forma de acompanhar o outro na sua afinação é dar o exemplo afinando o nosso e tocando a nossa nova melodia. Esta melodia ressoará no outro e irá ajudá-lo a ajustar o seu piano em espelho ao seu.


A aceitação de todas as notas: um piano completo 


As mais belas músicas de piano, aquelas que tocam profundamente e transcendem, não são tocadas numa única tonalidade. Peguemos em Beethoven: as suas composições transportam-nos porque abraçam toda a gama do piano, das notas mais sombrias às mais luminosas. Uma vida harmoniosa não é aquela que se contenta com as notas alegres; é aquela que acolhe todas as emoções e integra cada contraste, pois cada nota – grave ou aguda – tem o seu lugar no conjunto. Ao aceitarmos plenamente a nossa gama emocional, compomos uma música autêntica, poderosa e inspiradora.


Em conclusão: 


O piano é como o amor. Se não tocarmos o nosso piano regularmente, as cordas desafinam e perdemos a capacidade de tocar com elegância e harmonia. Experimente, ouse fazer novos encontros para enriquecer o seu piano. Aceite, com benevolência e honestidade, todas as notas do seu piano. E, para finalizar, lembre-se que mudar o mundo não é mudar as notas dos outros, mas simplesmente irradiar a sua música, que, ao inspirar os outros, os levará a evoluir.


 
 
 

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